Psicologia explica por que o barulho de mastigar incomoda tanto
Você já sentiu uma raiva instantânea ao ouvir alguém mastigar? Não está sozinho. A ciência por trás desse incômodo tem nome e explicação: misofonia.
A psicologia estuda por que certos sons — mastigação, respiração, clique de talheres — provocam reações fortes e como isso afeta a vida de quem sofre com esse problema.
O que é misofonia e como a psicologia a entende

Misofonia significa “ódio ao som” e descreve uma reação intensa a ruídos específicos.
Ao contrário do que muitos pensam, não se trata apenas de ser “chato” ou intolerante.
Pesquisadores em psicologia e neurociência mostram que, em pessoas com misofonia, determinados sons disparam respostas emocionais e fisiológicas muito mais fortes do que em outras pessoas.
O cérebro associa aquele estímulo sonoro a uma sensação de ameaça, provocando irritação, ansiedade e até raiva.
A resposta pode ocorrer de forma automática, quase como um reflexo. Em algumas pessoas, ouvir mastigar gera aceleração do coração, tensão muscular e um impulso imediato de se afastar ou reagir.
Por que mastigar é um gatilho tão comum?
Alguns ruídos cotidianos têm características que os tornam gatilhos potenciais: repetição, textura sonora e proximidade.
O som da mastigação é rítmico, ressonante e normalmente muito próximo do ouvido — especialmente em refeições compartilhadas.
Esses elementos facilitam que o estímulo seja identificado e marcado como “importante” pelo sistema nervoso.
Em quem tem uma sensibilidade aumentada, o processo de avaliação sonora vira exagero emocional, transformando um barulho neutro em fonte de desconforto.
Além do fator acústico, experiências passadas também contam: se alguém desenvolveu associação negativa entre arroz e críticas na infância, por exemplo, o som de mastigar arroz pode ativar essa memória emocional.
Há uma explicação neurológica?
Estudos sugerem diferenças na forma como o cérebro processa sons em pessoas com misofonia.
Partes do cérebro envolvidas em atenção, emoção e memória (como a amígdala) parecem reagir de forma exagerada a certos estímulos.
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A psicologia e a neurociência indicam que há uma hiperconectividade entre as áreas auditivas e as áreas emocionais, o que explica por que o ruído produz uma reação desproporcional.
Nem sempre há um transtorno mental grave por trás do problema, mas quando a reação impacta o dia a dia — evitando refeições em família, trabalho ou convívio social — é preciso atenção profissional.
Misofonia é transtorno obsessivo-compulsivo (TOC)?
Algumas semelhanças existem, mas não é o mesmo.
Tanto a misofonia quanto o TOC envolvem respostas exageradas a estímulos que provocam desconforto.
Em certos casos, pessoas com misofonia apresentam comportamentos repetitivos para evitar os sons ou controlá-los.
A psicologia utiliza avaliação clínica para diferenciar e tratar cada condição conforme seus mecanismos específicos.
Como a psicologia pode ajudar quem sofre com isso

Terapias cognitivo-comportamentais (TCC) costumam ser a base do tratamento.
O objetivo é reduzir a sensibilidade ao som e alterar a avaliação negativa que a pessoa faz do estímulo.
Técnicas de dessensibilização sonora, treino de atenção (para desviar o foco do som), estratégias de respiração e relaxamento e, quando necessário, intervenção com um profissional de saúde mental, são ferramentas eficazes.
Também é útil trabalhar o componente social: pedir compreensão de amigos e familiares, estabelecer limites durante refeições e criar rotinas que minimizem o estresse.
Estratégias práticas para lidar no dia a dia
- Use fones com música ambiente em ambientes controlados.
- Crie sinais discretos com quem convive para lidar com o barulho sem confrontos.
- Pratique exercícios de respiração quando o incômodo surgir.
- Procure terapia se o problema interferir na vida social ou emocional.
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Por que o som de mastigar nos incomoda, segundo a psicologia
Se o som de mastigar te deixa irritado ao ponto de estragar uma refeição, a psicologia confirma: não é frescura.
Misofonia tem explicação e tratamento. Reconhecer o problema é o primeiro passo para reduzir o impacto e recuperar o convívio com tranquilidade.
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