Nave russa pode atingir o Brasil hoje? Veja quais locais podem ser alvo da Kosmos 482
Cientistas de todo o mundo acompanham com atenção a reentrada descontrolada da Kosmos 482, uma nave russa lançada em 1972.
Com cerca de 500 kg e carcaça de titânio, parte da nave pode sobreviver à passagem pela atmosfera e atingir o solo entre os dias 10 e 13 de maio — sendo o sábado, dia 10, o mais provável.
O que é a Kosmos 482 e por que voltou à órbita terrestre
Lançada pela antiga União Soviética no projeto Venere, a Kosmos 482 deveria estudar Vênus.
Após a falha na inserção na trajetória de transferência, ela se fragmentou em quatro partes.
Duas delas caíram em órbita baixa em 1972; as outras duas, incluindo o módulo de titânio, permaneceram circulando a Terra por mais de 50 anos.
Fragmentos que seguem em órbita alta são raros de reentrar de forma não controlada. Por isso, analistas da Nasa e do EU SST (Centro Europeu de Vigilância Espacial) estão de olho no retorno iminente.
Como funcionam as previsões de reentrada
Estimativas combinam vários fatores:
- Atividade solar: variações no vento solar mudam a densidade da alta atmosfera
- Temperatura ambiente: afeta o arrasto sobre o objeto
- Condições climáticas globais: correntes altas e baixas mexem na trajetória
Faixa de cobertura entre 52º N e 52º S
A órbita da Kosmos 482 descreve voltas constantes dentro desse cinturão.
Isso significa que praticamente metade da superfície terrestre — desde o norte da Europa até o sul da América do Sul — pode entrar na área de queda.
Cidades como Londres, Roma e Buenos Aires já aparecem nos mapas de risco, assim como capitais brasileiras.
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Mapas e projeções: cidades em risco
O astrônomo Marco Langbroek publicou um mapa que traça linhas sobre locais potenciais de impacto. Entre as áreas urbanas citadas estão:
- Curitiba (PR)
- São Paulo (SP)
- Belo Horizonte (MG)
- Salvador (BA)
- Recife (PE)
Cada linha indica uma passagem possível — mas o centro das janelas de reentrada não está exatamente sobre o Brasil, o que reduz a probabilidade de queda por aqui. Confira:
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The uncertainty has now become small enought to exclude certain areas.
Japan, the NW of the USA, and most of Africa (except extreme NW and NE) are now safe.
The spacecraft can come down anywhere on the blue lines in the map: pic.twitter.com/FSUYqPzN2d— Dr Marco Langbroek (@Marco_Langbroek) May 9, 2025
Riscos e probabilidades de impacto
Mesmo com fragmentos pesando meio quilo, o risco de danos é muito baixo. Segundo cálculos:
- Chance de fatalidade: 1 em 25 000
- Impacto similar ao de um meteorito pequeno
- Histórico registra zero mortes por lixo espacial
Comparação com eventos naturais
Estatisticamente, é mais fácil ser atingido por um raio do que por destroços espaciais.
Relatos de pequenas avarias em propriedades existem, mas casos de estrago grave são raros.
Astrônomo Cássio Barbosa lembra que satélites em órbita baixa reentram com frequência e causam mais barulho do que prejuízo.
Nave russa da era soviética retornando à Terra é um lembrete do legado do lixo espacial. Apesar do peso e da carcaça resistente, o risco de atingir o Brasil no sábado é muito pequeno.
Acompanhe as atualizações oficiais de agências espaciais e, se notar objetos luminosos cortando o céu, lembre-se: pode ser apenas um satélite a caminho de se desintegrar, sem oferecer perigo real.
