NASA revela lugares que poderão ser inabitáveis até 2050
As mudanças climáticas não são mais uma previsão distante — elas já estão impactando o nosso presente. Em um novo alerta, a NASA revelou regiões que podem se tornar inabitáveis até 2050, caso as temperaturas continuem subindo no ritmo atual.
E não estamos falando apenas de desertos remotos ou áreas isoladas. Estamos falando de grandes cidades populosas, algumas aqui mesmo no Brasil.
Um verão que entrou para a história

O verão de 2023 foi considerado o mais quente dos últimos dois mil anos, segundo dados científicos. Para mim, que acompanho de perto o avanço da tecnologia climática e as previsões baseadas em inteligência artificial, esses dados são ao mesmo tempo fascinantes e assustadores.
Nunca tivemos tantos recursos para prever o futuro — e nunca estivemos tão próximos de um colapso ambiental.
De acordo com o programa Copernicus, da União Europeia, o verão de 2024 no hemisfério norte pode ser ainda mais severo. O calor extremo não só prejudica a qualidade de vida, como também é responsável por milhares de mortes todos os anos.
O impacto do calor extremo na saúde humana
O corpo humano possui limites fisiológicos claros para lidar com o calor. A temperatura do bulbo úmido, uma métrica usada por cientistas para medir o estresse térmico, é o ponto chave dessa discussão.
Esse índice combina temperatura e umidade para indicar o quão difícil é para o corpo dissipar o calor.
A partir de 35 °C de bulbo úmido, a sobrevivência humana se torna inviável por mais de algumas horas. Isso porque o corpo perde a capacidade de se resfriar por meio da transpiração.
Mesmo pessoas jovens e saudáveis podem sofrer colapsos em ambientes com essas condições. Agora imagine isso em cidades inteiras, com milhões de habitantes.
Wet Bulb Globe Temperature (WBGT) can be used to measure heat stress in direct sunlight. It takes into account: temperature, humidity, wind speed, sun angle and cloud cover (solar radiation). Go to https://t.co/2qA4RnCEl8 for the WBGT forecast. #NIHHIS #HeatSafety pic.twitter.com/W8qVtmJUL9
— National Weather Service (@NWS) May 3, 2024
Cidades que podem se tornar inabitáveis até 2050
Estudos científicos e projeções climáticas revelam que diversas regiões do planeta estão em risco de se tornarem inabitáveis nas próximas décadas, especialmente devido ao calor extremo aliado à umidade elevada.
Essa combinação provoca um fenômeno chamado de estresse térmico, que ultrapassa a capacidade do corpo humano de se resfriar naturalmente.
Segundo um estudo publicado pela revista Science Advances, já existem locais no Golfo Pérsico, Paquistão e Índia que, por algumas horas do dia, ultrapassam o índice de bulbo úmido de 35 °C, considerado o limite da sobrevivência humana.
Essa condição extrema tende a se tornar mais frequente com o avanço do aquecimento global.
Entre as áreas em maior risco até 2050, destacam-se:
Oriente Médio e Sul da Ásia
Cidades como Dubai, Bagdá e Kuwait devem atingir níveis extremos de calor nas próximas décadas.
Nessas áreas, já se observa um aumento preocupante na frequência de ondas de calor acima dos limites suportáveis. O pior é que essas regiões concentram atividades econômicas intensas e populações em crescimento.
Leste da China e Sudeste Asiático
Com alta densidade populacional e forte industrialização, áreas como Xangai, Manila e Bangkok estão entre as mais vulneráveis.
Além do calor, a poluição e a urbanização acelerada agravam os efeitos climáticos. A população urbana será a mais impactada, especialmente aquelas em situação de vulnerabilidade.
Brasil e América do Sul
Sim, o Brasil está na lista. Regiões do Nordeste e Centro-Oeste, como o sertão nordestino e parte do Mato Grosso, já enfrentam secas prolongadas e temperaturas recordes.
Até 2070, essas áreas podem registrar índices de bulbo úmido insuportáveis, inviabilizando a agricultura e a vida cotidiana ao ar livre.
Estados Unidos
O calor também ameaça o coração agrícola dos EUA. Estados como Arkansas, Missouri e Iowa poderão se tornar hostis à vida humana em meados deste século. Isso pode impactar diretamente a segurança alimentar global.
O que é o índice de bulbo úmido?
Pouco conhecido fora do meio acadêmico, o índice de bulbo úmido se tornou um indicador-chave na climatologia moderna. Ao contrário da sensação térmica, que é subjetiva, ele é baseado em dados precisos de temperatura e umidade relativa do ar.
Esse índice indica até onde o corpo humano consegue se adaptar. Acima de 35 °C, nenhuma quantidade de sombra, água ou ventilador consegue evitar um colapso térmico. E essa é a principal razão pela qual algumas regiões poderão simplesmente se tornar inabitáveis.
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A tecnologia na previsão do colapso
A NASA utiliza satélites, algoritmos de aprendizado de máquina e modelos climáticos para criar mapas de risco futuro.
O cruzamento de dados de décadas com simulações em supercomputadores permite prever com razoável exatidão onde e quando o calor atingirá limites críticos.
É impressionante ver como a ciência evoluiu nesse sentido. Mas ao mesmo tempo, é frustrante perceber que, apesar dos alertas, muitos governos e empresas continuam ignorando os sinais. A tecnologia pode prever, mas somente ação humana pode evitar o colapso.
O que pode ser feito agora?
Apesar do cenário preocupante, ainda há tempo para agir. Reduzir as emissões de gases de efeito estufa, promover a transição energética e incentivar soluções sustentáveis são passos fundamentais.
Cidades precisam se adaptar com infraestrutura verde, telhados reflexivos, arborização e estratégias de resfriamento urbano.
Como cidadão, também podemos contribuir com pequenas atitudes: reduzir o consumo, optar por transportes sustentáveis e apoiar políticas públicas voltadas à preservação ambiental.
NASA cria mapas de calor do futuro
A NASA, em colaboração com o Centro de Previsão Climática dos EUA e universidades de prestígio como MIT e Harvard, está utilizando supercomputadores para modelar o clima da Terra nas próximas décadas.
Os resultados apontam que, se o aquecimento global ultrapassar a marca de 2 °C em relação à era pré-industrial, haverá impactos severos na habitabilidade de grandes regiões tropicais e subtropicais.
Com o uso de dados de satélite e simulações em 3D da atmosfera, a NASA criou um mapa interativo do planeta que mostra quais áreas estarão mais expostas ao calor insuportável.
A previsão é clara: bilhões de pessoas poderão viver em zonas com alto risco de morte por calor até 2050, caso não haja uma redução drástica nas emissões de carbono.
O que pode ser feito para evitar o pior cenário?
Especialistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) são unânimes: ainda há tempo para evitar os piores cenários, mas as ações precisam ser urgentes, coordenadas e globais.
Reduzir as emissões de CO₂, investir em energias limpas, recuperar florestas e adaptar cidades com infraestrutura verde são algumas das principais estratégias.
Além disso, governos e organizações internacionais estão sendo pressionados a implementar políticas públicas mais eficazes para proteger populações vulneráveis ao calor extremo, como idosos, crianças e pessoas em situação de rua.
A justiça climática também entra em pauta, já que os países mais afetados são, muitas vezes, os que menos contribuíram para o problema.
Mudanças climáticas e a saúde humana
O aumento das temperaturas não afeta apenas o conforto térmico, mas também a saúde pública de forma profunda.
Doenças relacionadas ao calor, como insolação, desidratação, infartos e problemas respiratórios, tendem a se multiplicar em ambientes cada vez mais quentes.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) já considera as mudanças climáticas uma das maiores ameaças à saúde global do século XXI.
Além disso, a escassez de água, aumento de vetores de doenças como dengue e malária, e a diminuição da qualidade do ar são consequências diretas da elevação das temperaturas.
Em alguns lugares, os sistemas de saúde podem colapsar diante de ondas de calor mais frequentes e intensas.
Um futuro incerto, mas ainda possível
O alerta da NASA é claro: não é mais uma questão de “se”, mas de “quando”. Várias regiões do planeta podem se tornar inabitáveis até 2050, colocando em risco milhões de vidas e afetando diretamente a estabilidade global.
Para mim, essa realidade serve como um chamado urgente. Não apenas para os governos e cientistas, mas para todos nós. Afinal, o futuro da Terra está sendo decidido agora — e a escolha está em nossas mãos.