Ciência

Teoria intrigante diz que Terra está em um vazio gigante

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Teoria intrigante diz que Terra está em um vazio gigante – Foto: Pexels

Novo estudo da Universidade de Portsmouth propõe que a Terra e a Via Láctea estão imersas num enorme “vazio”, o que explicaria discrepâncias na medição da expansão do universo.

Conhecida como tensão de Hubble, esse conflito de resultados entre medições locais e distantes desafia a cosmologia tradicional.

O que é a tensão de Hubble?

Medições da expansão do universo dependem de dois métodos principais. O primeiro baseia-se na radiação cósmica de fundo, que revela o universo logo após o Big Bang. Veja também: hoje é o dia mais curto do ano na Terra e esse é o motivo.

A partir desses dados, obtém-se uma taxa de expansão mais lenta.

Por outro lado, observações diretas de galáxias próximas — nosso “universo atual” — indicam ritmo acelerado de crescimento. Medir supernovas e galáxias relativamente vizinhas resulta numa constante de Hubble maior.

Descompasso entre esses números ocupa as mentes de cosmologistas desde 2019. Conhecer a causa da tensão de Hubble é crucial para confirmar ou revisar teorias sobre o cosmos.

A hipótese do vazio local

Pesquisadores sugerem que estamos dentro de uma região com densidade de matéria menor que a média universal.
Conforme os astrofísicos Indranil Banik e colegas apresentaram, um “vazio” de cerca de um bilhão de anos‑luz de raio, com 20% menos matéria, poderia falsear as medições locais.

Matéria ao redor do vazio seria “puxada” para regiões densas, dando a impressão de que tudo se afasta da Terra mais rápido do que de fato ocorre.

Modelos ajustados ao satélite Planck indicam que a hipótese com vazio é até cem milhões de vezes mais provável do que sem vazio.

Dados de oscilações acústicas de bárions

Os detalhes vieram de análise das oscillações acústicas de bárions (BAOs), ondas sonoras primordiais que ficaram “congeladas” quando o universo esfriou.

Ao usar BAOs como régua para medir distâncias cósmicas, o time de Portsmouth comparou dois cenários: com e sem vazio. Resultado reforça a ideia de um espaço local mais rarefeito.

Evidências e controvérsias

Contagens diretas de galáxias ao nosso redor mostram menos aglomerados próximos do que seria esperado.
Observações de estruturas em larga escala confirmam variações de densidade em milhares de megaparsecs.

Porém, modelo padrão da cosmologia — que pressupõe homogeneidade em grandes escalas — questiona a existência de um vazio tão extenso.

Críticos argumentam que variações tão grandes seriam raras demais dentro do modelo ΛCDM (lambda-CDM), sustentação da teoria atual.

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Impacto no modelo cosmológico

Caso o vazio seja real, será preciso ajustar previsões sobre a distribuição de matéria escura e energia escura.
Modelos de evolução do universo teriam de levar em conta não só a média global, mas também variações locais de densidade.

Próximos passos na investigação

Equipe de Banik planeja usar cronômetros cósmicos — galáxias envelhecidas sem formação estelar — para medir expansão em diferentes épocas.
Estimar idades dessas galáxias junto ao desvio para o vermelho de suas linhas espectrais ajudará a confirmar ou refutar o vazio local.

Outras abordagens incluem sondagens de supernovas tipo Ia e observações de lentes gravitacionais, todas voltadas a mapear a expansão com maior precisão.

Por que importa para a Terra e para nós?

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Imagerm: Freepik

A Terra, como ponto de observação, ganha nova função: não apenas palco de medições, mas participante de um ambiente cósmico peculiar.
Compreender nosso entorno local é fundamental para interpretar corretamente os sinais que chegam de bilhões de anos‑luz de distância.

Descobrir um vazio tão grande também nos lembra de que o universo é dinâmico e cheio de surpresas, muito além do que vemos à primeira vista.

Cientistas identificam vazio cósmico envolvendo a Terra

Hipótese do vazio local oferece caminho promissor para resolver a tensão de Hubble. Se comprovada, exigirá revisão de modelos cosmológicos que ignoram grandes variações de densidade.

Para a Terra, significa entender melhor nosso lugar no cosmos e aprimorar as ferramentas de medição da expansão universal.

Continue acompanhando para saber quando novos resultados surgirem e como eles podem moldar nossa visão do universo.

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Charles Fábion

Arquiteto baiano entusiasta de tecnologia, ciência e comunicação. Criei esse site justamente para compartilhar com você os principais assuntos da atualidade, sempre comprometido em fornecer conteúdo relevante, original e de qualidade.

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